Pastoral
Um balanço positivo da vida (2Tm 4.6-8)
Paulo está preso pela segunda vez em Roma, capital do império. Desta vez, a condição do apóstolo é muito pior do que a anterior. Antes, ele ficou numa prisão domiciliar, numa casa alugada, e podia ensinar abertamente a palavra de Deus. Mas agora Paulo está numa masmorra – um lugar frio, escuro e insalubre. É neste luar que Paulo, à beira da morte, escreve a segunda carta a seu amigo Timóteo. Nela, o apóstolo faz uma avaliação positiva e consciente da sua vida e expressa seu ponto de vista em relação ao seu passado, presente e futuro.
Ponto de vista sobre o passado (v. 7). Pelo menos duas imagens estão na mente de Paulo neste momento: I) um campo de batalha, onde o cristão trava uma luta constante e severa contra o diabo, seus demônios e contra o pecado (cf. Ef 6.11-12; Rm 7:22-23); e II) uma pista de atletismo (“carreira” = corrida), em que cada cristão deve se comportar como um atleta disciplinado e consciente do objetivo. Assim como um atleta se compromete com seu treinamento, o crente deve demonstrar compromisso com o evangelho do Senhor Jesus (cf. 1Co 9.25-27). Paulo podia olhar para trás e, com a consciência tranquila de um bom soldado e de um atleta aplicado, expressar a satisfação do dever cumprido. Mesmo em meio aos embates, o apóstolo manteve acesa a chama da fé em Deus.
Ponto de vista sobre o presente (v. 6). Com relação ao seu sofrimento atual, Paulo entende que sua vida é uma espécie de sacrifício oferecido a Deus. A palavra “libação” alude ao vinho derramado em certos sacrifícios oferecidos ao Senhor no Antigo Testamento (cf. Nm 15.5-10; 28.7-8). Paulo, então, associa seu sangue a esse vinho. É interessante notar que, em vez de lamentar ou de se revoltar contra Deus por causa das terríveis circunstâncias que enfrentava, Paulo demonstra satisfação por sofrer em nome do evangelho. O desgaste físico, as momentâneas privações e a iminência da morte eram capazes de abalar o apóstolo. Poucos estão dispostos a doar a própria vida a Deus, abdicar de mordomias e privilégios e deixar de viver em função dos próprios interesses (cf. Mt 10.38-39).
Ponto de vista sobre o futuro (v. 8). Para o apóstolo Paulo, a vida com Deus não termina aqui na terra. Ele expressa a certeza de que, após a morte, estará para sempre com o Senhor, o qual lhe dará “a coroa da justiça”, o prêmio por ter completado sua carreira, a “corrida” da fé. A expectativa de Paulo quanto à sua premiação está fundamentada, portanto, sobre três pilares: I) a entrega da sua própria vida como sacrifício a Deus, II) a certeza do cumprimento da sua missão e III) as promessas feitas pelo Senhor Jesus Cristo.
Paulo termina esta parte da carta com um anúncio de esperança para todos aqueles que amam a vinda do Senhor: o recebimento da “coroa da justiça”. Olhando para o seu passado, você é capaz de enxergar os rastros de um crente fiel ou só consegue se lembrar das oportunidades perdidas com Deus? Você é capaz de expressar a satisfação do dever cumprido? Diga com sinceridade se, hoje, sua vida pode ser comparada a um sacrifício agradável a Deus? Projete seu futuro e responda para si mesmo: “Onde eu quero estar após a morte e o que eu espero receber quando me encontrar com Deus?”.
Pr. Albert Iglésia